quarta-feira, 23 de julho de 2008

Silêncio



A morte veio.
Chegou derrubando tudo,
quebrando planos,
ceifando sonhos.
Fez o maior barulho,
me deixou surda, cega, seca.
Escolheu, levou, calou.
E então, o barulho pior
tomou conta de tudo:
o som do seu silêncio,
o som da sua ausência,
o som da minha saudade.
É o que ouço até hoje;
a tua partida ecoando
na minha vida.

Sempre que lembro de você
apuro os ouvidos,
presto atenção nos ruídos e,
às vezes, tenho a impressão
de te ouvir dizer:
- Filha, o silêncio sou eu...
é nele que eu vivo.
Ouça o silêncio e eu sobrevivo.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Medo


Estou em todo lugar,
sou enorme e assustador.
Posso fazer você suar
e até sentir dor.

De noite ou de dia
eu vou onde você for,
minha sombra te arrepia,
causando grande terror.

Quieto embaixo da cama
eu posso me esconder
e quando você põe o pijama,
eu teimo em aparecer.

Você não pode me tocar
nem consegue me ver.
Eu posso perturbar,
mas não posso te morder.

Meu nome é medo.
Não adianta gritar.
Vou te contar um segredo
e você vai se assustar

É muito fácil me espantar
reze, acredite e tente,
eu vou sumir no ar
se você me olhar de frente.

Pra bem longe vou fugir
e o seu Anjo vai ficar.
Pode começar a rir

e se prepare pra sonhar.

Para o Rapha, meu sobrinho lindo...